domingo, 28 de outubro de 2018

Mergulho em profundidade: Apontamentos e explicações



A prática do mergulho sempre foi um hobby muito presente entre as pessoas, principalmente em épocas mais quentes, e vem ganhando grande destaque nos últimos anos, principalmente pelas tecnologias que nos proporcionam permanecer mais tempo submerso e alcançar maiores profundidades.

          


Porém, a relação entre o ambiente aquático e o corpo humano é uma questão a ser conscientizada. O mergulho em maiores profundidades causa algumas alterações em nosso sistema, tanto no sistema cardiocirculatório quanto na dinâmica ventilatória, pelo fato da pressão no ambiente aquático ser maior que na atmosfera, comprimindo o corpo humano, podendo ocasionando complicações na cavidade pulmonar e nos tímpanos, por causa da presença de ar nesses órgãos.

Um diferencial de 120 mmHg pode ocorrer a 1,7 m de água, sendo o suficiente para romper os tímpanos, afetando o mecanismo de equilíbrio e ocasionar náuseas e vertigem. A técnica conhecida como equalização, tem como objetivo, igualar a pressão interna com a externa nos tímpanos, consistindo-se em aumentar a pressão na boca segurando o nariz e soprando para fora, quando realizada com sucesso, o mergulhador ouve um “estalo” em ambos os ouvidos.

            


Quando estamos em pressão atmosférica, a única pressão que atua em nosso corpo é o ar que se encontra acima de nós. Com base nos estudos realizados em sala, sabemos que a pressão na superfície do mar pesa em torno de 760 mmHg, 101325 Pa, 14,7 PSI, entre outras medições conhecidas. Porém, a situação muda quando começamos a adentrar o ambiente aquático. A pressão sob um corpo em determinada profundidade, é a soma do peso do ar que está acima do referencial mais o peso da coluna de água que está acima do corpo, e sabendo que a água é aproximadamente mil vez mais densa que o ar em nossa superfície, podemos ter uma conclusão de quanto é importante ter experiência e cuidado ao praticar a técnica do mergulho.

Segundo a lei de Boyle, em uma temperatura constante, o volume de um gás é inversamente proporcional a pressão, portanto, quando a pressão dobra, o volume de gás dentro pulmões cai pela metade, sendo que na superfície o pulmão comporta de 4 a 6 litros de ar, o que resulta em 2 ou 3 litros de ar. O oposto ocorre ao subir para superfície, em uma profundidade de no mínimo 10 metros, uma subida de 1 ou 2 metros já é suficiente para o gás dentro dos pulmões se expandir novamente, um pulmão cheio no momento da subida irá ter seu ar dobrado, ou seja, em torno de 12 litros, portanto deve-se esvaziar do pulmões e nunca prender a respiração ao retornar a superfície.

Pelo fato da água ser incompressível, a alteração da pressão se dá de forma linear, à medida que nos aprofundamos no mar. A cada dez metros que um mergulhador desce, uma acrescenta-se uma atmosfera de pressão (1 Atm, 101325 Pa, 14,7 PSI). O barômetro é o principal mecanismo que pode determinar a profundidade submersa, pois ele subtrai a pressão atmosférica da pressão que nos encontramos, fornecendo uma profundidade confiável.

                 


O ar que respiramos é uma mistura de muitos gases que, quando expostos a maiores pressões, suas percentagens continuam constantes, porém suas pressões parciais aumentam. O oxigênio é o elemento chave dessa composição, pois sua pressão parcial pode alcançar níveis tóxicos em profundidade. Portanto, foi concluído que para mergulhar em profundidades maiores que sessenta metros, os mergulhadores devem utilizar misturas contendo oxigênio reduzido.

              


O aumento da pressão na profundidade ocasiona o aumento da pressão alveolar dos gases respirados das misturas gasosas, e portanto, acarreta um aumento na pressão arterial desses mesmos gases. O aumento na densidade dos gases faz com que ocorra uma redução no sistema ventilatório, chegando a restrição de 50% nos índices respiratórios. No fim do mergulho, em pressão atmosférica novamente, pode ocorrer um excesso de gases em nosso corpo, além da capacidade que temos de eliminá-los, podendo ocorrer a doença descompressiva, no qual os gases aumentam de concentração e formem bolhas em nosso sistema. Por essa situação os mergulhadores devem permanecer em câmaras hiperbáricas.



A câmara hiperbárica nada mais é que um cilindro de ar comprimido, no qual o paciente fica submetido a uma pressão duas a três vezes maior que a pressão atmosférica, provocando um aumento ou manutenção da quantidade de oxigênio transportado pelo sangue. Esse equipamento é muito utilizado por mergulhadores que ficaram expostos determinado período a pressão da profundidade marítima, para não ocasionar riscos de embolia gasosa e saúde do mergulhador. O mecanismo da câmara hiperbárica auxilia os pacientes a restabelecer seu corpo à pressão atmosférica gradativamente.

          


Portanto, podemos concluir que o ambiente aquático oferece muitos riscos, principalmente para quem pratica mergulho, e com um melhor conhecimento em conteúdos relacionados a fenômenos dos transportes, podemos esclarecer diversas dúvidas e questões referentes à pressão marítima, interpretando causas e efeitos sob o corpo humano.




Referências

CARVALHO LEMOS, Maithe; PEREIRA PASSOS, Joanir. Produção do conhecimento na área hiperbárica: principais doenças associadas ao mergulho profissional. Revista de Pesquisa Cuidado é Fundamental Online, v. 1, n. 2, 2009. Disponível em: http://www.redalyc.org/html/5057/505750816023/


Bove, A. A. (2002). Medical Disorders Related to Diving. Journal of Intensive Care Medicine17(2), 75–86. Disponível em:


TETZLOFF, Kay et al. Risk factors for pulmonary barotrauma in divers. Chest, v. 112, n. 3, p. 654-659, 1997. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0012369216317329


MORRISON, Daniel S.; KIRKBY, R. Duncan. Medicina hiperbárica: uma breve história. 2005. Disponível em: http://quackwatch.haaan.com/hm01.html

VENCIONEK BARBOZA, Gabryella; ANTUNES CORTEZ, Elaine; CAVALCANTI VALENTE, Geilsa Soraia. O enfermeiro do trabalho na identificação dos riscos ocupacionais em medicina hiperbárica. Revista de Pesquisa Cuidado é Fundamental Online, v. 6, n. 1, 2014. Disponível em: http://www.redalyc.org/html/5057/505750621025/

ALVES, Manoel Messias Pereira et al. Avaliação do conhecimento das normas de segurança no trabalho por trabalhadores em tubulões pressurizados. Revista brasileira de medicina do trabalho, v. 11, n. 1, p. 19-26, 2013. Disponível em: http://www.anamt.org.br/site/upload_arquivos/revista_brasileira_de_medicina_do_trabalho_volume_7_-_dez_2009_24120141143337055475.pdf

Link de vídeo para conhecimento suplementar: https://www.youtube.com/watch?v=PbmZsTxSbDY

Dupla: Bruno Volpato da Silva, Antonio Angelo.

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