A prática do mergulho sempre foi um hobby muito
presente entre as pessoas, principalmente em épocas mais quentes, e vem
ganhando grande destaque nos últimos anos, principalmente pelas tecnologias que
nos proporcionam permanecer mais tempo submerso e alcançar maiores
profundidades.
Porém, a relação entre o ambiente aquático e o
corpo humano é uma questão a ser conscientizada. O mergulho em maiores
profundidades causa algumas alterações em nosso sistema, tanto no sistema
cardiocirculatório quanto na dinâmica ventilatória, pelo fato da pressão no
ambiente aquático ser maior que na atmosfera, comprimindo o corpo humano, podendo
ocasionando complicações na cavidade pulmonar e nos tímpanos, por causa da
presença de ar nesses órgãos.
Um diferencial de 120 mmHg pode ocorrer a 1,7 m de
água, sendo o suficiente para romper os tímpanos, afetando o mecanismo de
equilíbrio e ocasionar náuseas e vertigem. A técnica conhecida como
equalização, tem como objetivo, igualar a pressão interna com a externa nos
tímpanos, consistindo-se em aumentar a pressão na boca segurando o nariz e
soprando para fora, quando realizada com sucesso, o mergulhador ouve um
“estalo” em ambos os ouvidos.
Quando estamos em pressão atmosférica, a única
pressão que atua em nosso corpo é o ar que se encontra acima de nós. Com base
nos estudos realizados em sala, sabemos que a pressão na superfície do mar pesa
em torno de 760 mmHg, 101325 Pa, 14,7 PSI, entre outras medições conhecidas.
Porém, a situação muda quando começamos a adentrar o ambiente aquático. A pressão
sob um corpo em determinada profundidade, é a soma do peso do ar que está acima
do referencial mais o peso da coluna de água que está acima do corpo, e sabendo
que a água é aproximadamente mil vez mais densa que o ar em nossa superfície,
podemos ter uma conclusão de quanto é importante ter experiência e cuidado ao
praticar a técnica do mergulho.
Segundo a lei de Boyle, em uma temperatura
constante, o volume de um gás é inversamente proporcional a pressão, portanto,
quando a pressão dobra, o volume de gás dentro pulmões cai pela metade, sendo
que na superfície o pulmão comporta de 4 a 6 litros de ar, o que resulta em 2
ou 3 litros de ar. O oposto ocorre ao subir para superfície, em uma
profundidade de no mínimo 10 metros, uma subida de 1 ou 2 metros já é suficiente
para o gás dentro dos pulmões se expandir novamente, um pulmão cheio no momento
da subida irá ter seu ar dobrado, ou seja, em torno de 12 litros, portanto
deve-se esvaziar do pulmões e nunca prender a respiração ao retornar a
superfície.
Pelo fato da água ser incompressível, a alteração
da pressão se dá de forma linear, à medida que nos aprofundamos no mar. A cada
dez metros que um mergulhador desce, uma acrescenta-se uma atmosfera de pressão
(1 Atm, 101325 Pa, 14,7 PSI). O barômetro é o principal mecanismo que pode
determinar a profundidade submersa, pois ele subtrai a pressão atmosférica da
pressão que nos encontramos, fornecendo uma profundidade confiável.
O ar que respiramos é uma mistura de muitos gases
que, quando expostos a maiores pressões, suas percentagens continuam
constantes, porém suas pressões parciais aumentam. O oxigênio é o elemento
chave dessa composição, pois sua pressão parcial pode alcançar níveis tóxicos
em profundidade. Portanto, foi concluído que para mergulhar em profundidades
maiores que sessenta metros, os mergulhadores devem utilizar misturas contendo
oxigênio reduzido.
O aumento da pressão na profundidade ocasiona o
aumento da pressão alveolar dos gases respirados das misturas gasosas, e
portanto, acarreta um aumento na pressão arterial desses mesmos gases. O
aumento na densidade dos gases faz com que ocorra uma redução no sistema
ventilatório, chegando a restrição de 50% nos índices respiratórios. No fim do
mergulho, em pressão atmosférica novamente, pode ocorrer um excesso de gases em
nosso corpo, além da capacidade que temos de eliminá-los, podendo ocorrer a
doença descompressiva, no qual os gases aumentam de concentração e formem
bolhas em nosso sistema. Por essa situação os mergulhadores devem permanecer em
câmaras hiperbáricas.
A câmara hiperbárica nada mais é que um cilindro de
ar comprimido, no qual o paciente fica submetido a uma pressão duas a três
vezes maior que a pressão atmosférica, provocando um aumento ou manutenção da
quantidade de oxigênio transportado pelo sangue. Esse equipamento é muito
utilizado por mergulhadores que ficaram expostos determinado período a pressão
da profundidade marítima, para não ocasionar riscos de embolia gasosa e saúde
do mergulhador. O mecanismo da câmara hiperbárica auxilia os pacientes a
restabelecer seu corpo à pressão atmosférica gradativamente.
Portanto, podemos concluir que o
ambiente aquático oferece muitos riscos, principalmente para quem pratica
mergulho, e com um melhor conhecimento em conteúdos relacionados a fenômenos
dos transportes, podemos esclarecer diversas dúvidas e questões referentes à
pressão marítima, interpretando causas e efeitos sob o corpo humano.
Referências
CARVALHO LEMOS, Maithe; PEREIRA PASSOS, Joanir. Produção do conhecimento
na área hiperbárica: principais doenças associadas ao mergulho profissional. Revista
de Pesquisa Cuidado é Fundamental Online, v. 1, n. 2, 2009. Disponível em: http://www.redalyc.org/html/5057/505750816023/
Bove,
A. A. (2002). Medical Disorders Related to Diving. Journal of Intensive
Care Medicine, 17(2), 75–86. Disponível em:
TETZLOFF,
Kay et al. Risk factors for pulmonary barotrauma in divers. Chest, v. 112, n. 3, p. 654-659, 1997. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0012369216317329
MORRISON, Daniel S.;
KIRKBY, R. Duncan. Medicina
hiperbárica: uma breve história. 2005. Disponível em: http://quackwatch.haaan.com/hm01.html
VENCIONEK BARBOZA, Gabryella; ANTUNES CORTEZ, Elaine; CAVALCANTI
VALENTE, Geilsa Soraia. O enfermeiro do trabalho na identificação dos riscos
ocupacionais em medicina hiperbárica. Revista de Pesquisa Cuidado é
Fundamental Online, v. 6, n. 1, 2014. Disponível em: http://www.redalyc.org/html/5057/505750621025/
ALVES, Manoel Messias Pereira et al. Avaliação do conhecimento das
normas de segurança no trabalho por trabalhadores em tubulões
pressurizados. Revista brasileira de medicina do trabalho, v. 11,
n. 1, p. 19-26, 2013. Disponível em: http://www.anamt.org.br/site/upload_arquivos/revista_brasileira_de_medicina_do_trabalho_volume_7_-_dez_2009_24120141143337055475.pdf
Link de vídeo para conhecimento suplementar: https://www.youtube.com/watch?v=PbmZsTxSbDY
Dupla: Bruno Volpato da Silva, Antonio Angelo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário