Acadêmica: Bruna Fernandes Olivier Alves
Introdução
Existem diversos estudos e
pesquisas acerca das ações do vento em edifícios. Por isso, hoje temos a NBR
6123, que trata das Forças Devidas ao Vento em Edificações. Porém, a norma não
se aplica a determinados projetos, como grandes arranha-céus, fachadas curvas,
pontes estaiadas ou coberturas de estádios. Esses são casos especiais que não
se enquadram nos modelos de cálculo da norma, e precisam ser analisados
individualmente. Para isso, são elaborados modelos reduzidos do projeto, e
colocados em um túnel de vento, que se trata de um equipamento que simulará a
ação do vento naquela edificação. Os resultados obtidos permitem um
dimensinamento mais preciso e seguro das estruturas.
O Túnel de Vento na
Engenharia Civil
Fonte: http://hom2.gerenciadordeconteudo.com.br/produtos/PITE/engenharia-civil/208/imagens/i430803.jpg
Como podemos ver
na imagem, o ar da parte externa se movimenta em diferentes direções e
velocidades. Quando o ar é admitido pelo equipamento, ele passa por duas telas
que uniformizam a velocidade do vento em toda a seção do túnel. Ao final do
caminho fica a mesa giratória sobre a qual o modelo da edificação é colocado. E
por último, existe um ventilador que “suga” o ar, permitindo obter ventos de
até 90 km/h. O túnel do IPT é feito em estrutura metálica com fechamento em madeira.
Possui 40 metros de comprimento, com uma câmara de ensaio de 28 metros. Sua
entrada possui uma moldura com cantos arrendondados. Se houvessem quinas,
surgiriam vórtices que prejudicariam a uniformização do fluxo do ar durante o
ensaio.
Para uma melhor
observação do escoamento de ar na estrutura, os pesquisadores lançam sobre a
maquete uma fumaça de óleo vegetal, se apagam as luzes internas da câmara e se
lançam flashes de laser verde sobre o modelo, enquanto o ensaio todo é filmado
por câmeras de alta velocidade. Um software analisa os valores e cria um modelo
tridimensional que fornece os dados de pressão do vento por toda a edificação.
Uma maquete em escala 1:200 da Arena Castelão, construída em Fortaleza,
passou por ensaio no túnel de vento do IPT em 2011. Fonte: http://techne.pini.com.br/engenharia-civil/208/imagens/i430790.jpg
A partir dos resultados obtidos pelo ensaio, se terminam os
coeficientes de pressão e de arrasto, que são dados ao engenheiro calculista
para se determinar as solicitações da edificação.
O
pesquisador do IPT, Marcos Tadeu Pereira, ainda diz que "O mesmo modelo pode ser ensaiado para determinar a carga
de vento na estrutura e nas fundações, onde geralmente a pressão média é mais
importante, ou para dimensionar as esquadrias, onde os picos de pressão são
relevantes". O ensaio ainda pode mostrar se determinados corredores no
edifício sofrem com a ação do vento.
Conclusão
Os ensaios em túnel de vento, além de permitir uma maior
segurança no dimensionamento da estrutura, ajudam identificar na edificação se
o comportamento do vento pode comprometer o conforto em corredores ou
superfícies envidraçadas. Ainda é possível analisar grandes áreas urbanas e a
influência de edificações vizinhas em determinada construção.
O
equipamento é uma alternativa para se contornar situações em que não se pode
aplicar a NBR 6123, ou quando a ação do vento se torna muito imprevisível. Um
exemplo são os grandes edifícios em Dubai, que atingem alturas onde o vento se
comporta de forma diferente, e é preciso um estudo específico para cada
situação.
Modelo do edifício Burj Khalifa, em Dubai,
sendo testado em um túnel de vento. Fonte: https://encrypted-tbn1.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcT4O34RU4fG812FHypNXdfh5NDBdOss-h7sIbZ4Vwgr8SYrzoJb
O formato da edificação também tem grande influência na sua resistência aos esforços do vento. Em Mumbai, na Índia, está em fase de construção a Imperial Tower, projeto que também foi submetido a testes em túnel de vento, e teve sua forma pensada para que a ação do vento tivesse um impacto mais leve sobre a edificação.
Imperial Tower, Mumbai. Fonte: http://ibxk.com.br/2013/5/materias/41651284718122824.jpg?w=1040
Referências:
http://techne.pini.com.br/engenharia-civil/208/artigo319316-2.aspx
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