Pesquisa
bibliográfica e sugestão de exemplo de atendimento a uma comunidade sem água
Alexandre Luiz Silveira, Rodrigo Soares Pacheco, Vinicius da Rosa Antunes
O homem possui dois
tipos de fontes para seu abastecimento que são as águas superficiais (rios,
lagos, canais, etc.) e subterrâneas (lençóis subterrâneos).
As águas de superfície
são as de mais fácil captação e por isso havendo, pois, uma tendência a que
sejam mais utilizadas no consumo humano. No entanto temos que menos de 5% da
água doce existente no globo terrestre encontram-se disponíveis
superficialmente, ficando o restante armazenado em reservas subterrâneas. Logicamente
que nem toda água armazenada no subsolo pode ser retirada em condições
economicamente viáveis, principalmente a localizada em profundidades excessivas
e confinada entre formações rochosas.
Quanto a sua dinâmica
de deslocamento as águas superficiais são frequentemente renovadas em sua massa
enquanto que as subterrâneas podem ter séculos de acumulação em seu aquífero,
pois sua renovação é muito mais lenta pelas dificuldades óbvias, principalmente
nas camadas mais profundas.
A captação tem por
finalidade criar condições para que a água seja retirada do manancial
abastecedor em quantidade capaz de atender o consumo e em qualidade tal que
dispense tratamentos ou os reduza ao mínimo possível. É, portanto, a unidade de
extremidade de montante do sistema.
Mananciais
Chama-se de manancial
abastecedor a fonte de onde se retira a água com condições sanitárias adequadas
e vazão suficiente para atender a demanda. No caso da existência de mais de um
manancial, a escolha é feita considerando-se não só a quantidade e a qualidade
mas, também, o aspecto econômico, pois nem sempre o que custa inicialmente
menos é o que convém, já que o custo maior pode implicar em custo de operação e
manutenção menor.
Na escolha de
manancial, também deve-se levar em consideração o consumo atual provável, bem
como a previsão de crescimento da comunidade e a capacidade ou não de o
manancial satisfazer a este consumo. Todo e qualquer sistema é projetado para
servir, por certo espaço de tempo, denominado período de projeto.
1
Condições a serem analisadas
As águas superficiais
empregadas em sistemas de abastecimento geralmente são originárias de um curso
de água natural. Opções mais raras seriam captações em lagos naturais ou no mar
com dessalinização posterior. As condições de escoamento, a variação do nível
d’água, a estabilidade do local de captação, etc, é que vão implicar em que
sejam efetuadas obras preliminares a sua captação e a dimensão destas obras.
Basicamente as condições a serem analisadas são:
• quantidade de água;
• qualidade da água;
• garantia de funcionamento;
• economia das
instalações; e
• localização.
1.1
Quantidade de água
São três as situações
que podemos nos deparar quando vamos analisar a quantidade de água disponível
no possível manancial de abastecimento:
·
Vazão é suficiente na estiagem:
condição ideal, pois, havendo vazão suficiente continuamente, o problema
seguinte é criar a forma mais conveniente de captação direta da correnteza.
Esta é a forma mais comum onde os rios são perenes (ou perenizados
artificialmente).
·
Vazão
insuficiente na estiagem, mas suficiente na média:
significa que durante determinado período do ano não vamos encontrar vazão
suficiente para cobertura do consumo previsto. Como na média a vazão é
suficiente, então durante o período de cheias haverá um excesso de vazão que se
armazenado adequadamente poderá suprir o déficit na estiagem. Este
armazenamento normalmente é conseguido por meio das barragens de acumulação que
são reservatórios construídos para acumularem um volume tal que durante a
estiagem compensem as demandas com o volume armazenado em sua bacia hidráulica.
Esta é a forma mais frequente para sistemas com vazões de consumo para
comunidades superiores a 5000 habitantes,
·
Existe
vazão, mas inferior ao consumo previsto: é a mais delicada
quanto ao aproveitamento do manancial. Como não temos vazão suficiente, a
solução mais simplista é procurarmos outro manancial para a captação. Se
regionalmente não podemos contar com outro manancial que supra a demanda total,
então poderemos ser obrigados a utilizarmos mananciais complementares, ou seja,
a vazão a ser fornecida pelo primeiro não é suficiente, mas reunida com a
captada em um manancial complementar (ou em mais de um) viabiliza-se o
abastecimento, dentro das condições regionais.
Qualidade da água
Na
captação de águas superficiais parte-se do princípio sanitário que é uma água
sempre suspeita, pois está naturalmente sujeita a possíveis processos de
poluição e contaminação. É básico, sob o ponto de vista operacional do sistema,
captar águas de melhor qualidade possível, localizando adequadamente a tomada e
efetivando-se medidas de proteção sanitária. Especificamente, as tomadas em
reservatórios de acumulação não devem ser tão superficiais nem também tão
profundas, para que não ocorram problemas de natureza física, química ou
biológica. Superficialmente ações físicas danosas podem ter origem através de
ventos, correntezas (principalmente durante os períodos de enchentes com
extravasão do reservatório) e impactos de corpos flutuantes.
Nas
partes mais profundas sempre teremos maior quantidade de sedimentos em
suspensão, dificultando ou encarecendo a remoção de turbidez nos processos de
tratamento.
Agentes
químicos poderão está presentes a qualquer profundidade mas há uma tendência
das águas mais próximas da superfície terem maiores teores de gases dissolvidos
(CO2 , por exemplo), de dureza e de ferro e manganês e seus compostos.
Garantia
de funcionamento
Para que não hajam interrupções
imprevistas no sistema decorrentes de problemas na captação, devemos
identificar com precisão, antes da elaboração do projeto da captação, as
posições do nível mínimo para que a entrada de sucção permaneça sempre afogada
e do nível máximo para que não haja inundações danosas às instalações de
captação. A determinação da velocidade de deslocamento da água no manancial
também é de suma importância para dimensionamento das estruturas de captação
que estarão em contato com a correnteza e ondas e sujeitas a impactos com
corpos flutuantes.
Figura 1-
Exemplo de captação com grade e crivo
Localização
A princípio, a localização ideal é aquela que possibilite menor percurso de adução compatibilizado com menores alturas de transposição pela mesma adutora no seu caminhamento. Partindo deste princípio, o projetista terá a missão de otimizar a situação através das análises das várias alternativas peculiares ao manancial a ser utilizado. Para melhor rendimento operacional, é importante que, a captação em rios seja em trechos retos, pois nestes trechos há menor possibilidade de assoreamentos. Quando a captação for em trecho curvo temos que na margem côncava haverá maior agressividade da correnteza, enquanto que na convexa maiores possibilidades de assoreamentos, principalmente de areia e matéria orgânica em suspensão.
A) Margens estáveis
Figura 2- Captação direta ou tomada
simples
B)
Margens
sujeitas a erosão
Figura 3- Captação direta com
revestimento
C)
Margens
instáveis
Figura 4- Captação direta com muro de estabilização
D)
Leitos
rochosos com lamina liquida muito baixa
Figura 5- Captação direta com barragem de nível
Referências
·
IT 179 – Saneamento Básico
·
http://www.ufrrj.br/institutos/it/deng/leonardo/downloads/APOSTILA/Apostila%20IT%20179/Capit%204%20parte%202.pdf
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