Universidade do Sul de Santa Catarina
Engenharia Civil – 4° semestre
Fenômenos de Transporte – Profª Maria
Lúcia Soares Cochlar
Acadêmicas: Huendy Heerdt da Rosa e
Natany Rodrigues Marcelino
Sugestão de retirada e captação para
comunidade sem água
Em pleno século XXI, o mundo ainda
encontra grandes regiões com a escassez da água, seja p
or motivos climáticos,
socioeconômicos, falta de saneamento básico, entre outros. Contudo, o avanço da
engenharia juntamente com a tecnologia, conseguiu elaborar projetos para
solução desses problemas. A disciplina de Fenômenos de Transporte, estudada na
maioria das engenharias, consegue demonstrar e compreender como elaborar tais
projetos.
1. 1. Coletores de ar
Uma solução encontrada para combater
os problemas a respeito da falta de água em países em desenvolvimento, que não
possuem acessibilidade à água para uso próprio e de forma sustentável, foi a
criação de coletores de ar que condensam a água, como, por exemplo, coletores
de névoa, neblina ou cerração.
Os coletores de ar são máquinas que
condensam a umidade da atmosfera em água potável, de forma similar ao ciclo das
chuvas, com a condensação e precipitação de massas de ar quentes e úmidas.
Existem duas técnicas diferentes: A primeira é o resfriamento do ar e a consequente
condensação da água, que depois é filtrada e armazenada em pequenos tanques,
como um ar condicionado, e a segunda envolve uma solução concentrada de sal,
que absorve a umidade do ambiente, de onde é extraída a água, que também passa
por filtração.
2.
Dessalinização da água do mar e
sistema Gnangara
Podemos usar a cidade de Perth,
localizada na Austrália, como exemplo de captação de água para lugares que
sofrem com a seca. Segundo a presidente da Western Australia Water Corporation,
Sue Murphy, as mudanças climáticas ocorreram mais rápido e antes do que era
esperado no oeste do país. "Nos últimos 15 anos, a água de nossos
reservatórios foi reduzida para um sexto do que havia antes", disse à BBC
em junho. A cidade construiu duas grandes estações para remover o sal da água
coletada no Oceano Índico e torná-la potável. Hoje, Perth obtém metade de sua
água potável a partir do mar. Mas os ambientalistas criticam o processo por ser
caro e demandar muita energia, por esse motivo, os moradores sentiram o impacto
em suas contas de água, que dobraram de valor nos últimos anos.
A cidade também está fazendo
experimentos com o sistema Gnangara, sua maior fonte hídrica subterrânea. Por
uma década, Perth injetou nos aquíferos subterrâneos a água que foi usada pela
população, já tratada. A água é filtrada naturalmente pelo solo arenoso e
depois extraída para ser consumida pela população ou usada na irrigação
agrícola. O teste foi considerado bem-sucedido, e um programa oficial foi
estabelecido – sua meta é obter desta forma 7 bilhões de litros por ano.
Dessalinização é um processo contínuo
e natural, alimentador do ciclo hidrológico, que se comporta como um sistema
físico, fechado, sequencial e dinâmico. Devido à ação da energia solar, ocorre
a evaporação de um grande volume de água dos oceanos, dos mares e dos
continentes. Os sais permanecem na solução e os vapores, por condensação, vão
formar as nuvens, as quais originam as chuvas e outras formas de precipitação.
Esta água doce, por gravidade, volta aos oceanos e mares, alimentando os rios,
os lagos, as lagoas, que, devido à dinâmica do processo, possuem uma nova carga
salina e, assim, todo o ciclo continua. Por necessidade de sobrevivência, o
homem copiou a natureza e desenvolveu métodos e técnicas de dessalinização das
águas com elevado conteúdo salino para obter água doce.
O principal problema das tecnologias
de dessalinização é conseguir diminuir o custo final da água doce, para que
esta possa estar disponível em quantidades suficientes até nas regiões onde é
escassa.
3.
A água que vem do ar
Com as faltas de chuvas, não
precisamos necessariamente depender da dessalinização da água do mar, com isso
a região do Atacama, no meio do deserto chileno, tira a água do ar, sem
utilizar energia.
A aridez domina a região e os
municípios próximos - são quase 1.500 km de extensão onde a média de chuvas é
de 0,1 mm ao ano, com áreas onde a água fica sem cair por séculos. Nesse mar de
sequidão, fica a região de Coquimbo, no município de Chungungo, que é banhado
pelo mar, e onde choveu apenas cinco vezes em todo ano de 2013. Na área, a
média histórica de chuvas é de apenas 100 mm ao ano - contra 1.500 mm em São
Paulo, por exemplo. Mas, ao contrário da capital paulista, aqui não falta água
- é possível tirá-la do ar.
O que acontece em Coquimbo é que
faltam chuvas, mas sobram nuvens úmidas. São as "nieblas costeras",
que se formam sobre a orla, se movem em direção ao continente e acabam
aprisionadas por uma serra, num fenômeno chamado de camanchaca, as "chuvas
horizontais". A camanchaca acontece em condições muito específicas de
geografia, clima e correntes marítimas, e é bem comum ao longo do litoral
peruano e chileno. Essa neblina é composta por minúsculas gotas de água, que,
de tão leves, se mantêm suspensas no ar. Se a nuvem encontrar algum tipo de
obstáculo, as partículas de água se chocam umas com as outras e começam a se
concentrar. Alcançam, então, peso suficiente para cair, virar gotas de água, e
deixar um rastro de umidade por onde passam. Nas regiões em que o fenômeno
acontece, é comum encontrar árvores eternamente encharcadas e animais com os
pelos molhados o tempo todo. A umidade é visível por aqui. Nas altitudes entre
600 e 1.200 metros, onde o fato é mais intenso, a vegetação é abundante e frondosa
- ao contrário das zonas em que as neblinas costeiras não acontecem, e que têm
solo seco e pouca flora. Foi observando esse contraste que, há 50 anos,
pesquisadores da Universidad de Chile tiveram uma ideia: se a água não cai das
nuvens, será que daria para pegá-la de dentro delas? Assim nasceu a ideia dos
atrapanieblas (em português, algo como "capta-nuvem") - artefatos
criados para tirar, literalmente, água do ar.
Os processos são simples: basta
esticar malhas de polietileno de alta densidade (parecidas com as que são
usadas para proteger plantações do sol), de até 150 metros de largura, entre
dois postes de madeira ou aço. A neblina passa pela malha, mas os fios de
plástico retêm parte da umidade, que condensa, vira água e escorre até uma
canaleta que leva a um reservatório. O processo é barato e eficiente: cada
metro quadrado da malha capta, em média, 4 litros de água por dia, e um
atrapaniebla de 40 m² custa entre US$ 1 mil e 1.500. Para melhorar, o modelo é
100% sustentável. Não atrapalha a flora e a fauna, e funciona durante quase o
ano todo, o que torna possível planejar a produção de água. A verdadeira
vantagem é que os atrapanieblas não utilizam luz elétrica. Diferentemente de
outros métodos caros de obtenção de água em regiões secas, como a dessalinização
da água do mar, eles não precisam de energia para funcionar. O vento trata de
espremer as nuvens pelas malhas, e a gravidade cuida de carregar a água até os
baldes.
Porém, o projeto não é replicável no
mundo todo por causa das condições necessárias de clima e temperatura. Mas
países como México e Peru também utilizam a técnica. No árido Estado de
Querétaro, na região central do México, e nas secas áreas costeiras do Peru -
que inclui a capital Lima, onde a média anual de pluviosidade é de menos de 10
mm, mas cuja umidade relativa do ar chega a 98% -, o projeto já funciona em
larga escala. O maior complexo de malha do mundo, contudo, localiza-se em
Tojquia, Guatemala: são 60 captadores que, ao todo, compõem uma rede de 1.440
m² e captam quase 4 mil litros de água diariamente, abastecendo cerca de 30
famílias.
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