sexta-feira, 28 de outubro de 2016

ATENDIMENTO A UMA COMUNIDADE SEM ÁGUA: O BRASIL DOS SEM-ÁGUA

Flávia Martins Fernandes e Thais Silva Florentino

Resumo: A vida, como nós a conhecemos, não existe sem água. Uma das questões mais preocupantes para o mundo, na atualidade, é a quantidade de água disponível tanto para a vida humana, quanto para a economia. Tal preocupação, aparentemente contraditória, é real quando comparamos as quantidades de água existente e disponível. Em muitos países em desenvolvimento e pobres, a situação é mais dramática. A crise começa a sinalizar sua gravidade nos dias atuais com notícias quase que diárias sobre o racionamento de água, escassez de chuva e poluição dos lençóis freáticos. Embora não se debata muito o tema, o mundo pode sofrer uma crise de crescimento provocada pela escassez de água nas próximas décadas.
Palavras-chave: Transposição Rio São Francisco. Comunidade sem água. Atendimento aos Ribeirinhos.
1 A OBRA SEM FIM PARA LEVAR ÁGUA AO SERTÃO NORDESTINO BRASILEIRO
A vegetação rala e cinzenta da caatinga foi tomada por um canal de concreto que terá 477 quilômetros de extensão, feito para levar a água de um dos principais rios do país para onde as pessoas não têm, sequer, o que beber, em 390 municípios dos Estados de Pernambuco, Paraíba, Ceará e Rio Grande do Norte.
1.1 HISTÓRICO
             A transposição do Rio São Francisco é um tema muito polêmico, levando em consideração a necessidade de sanar a deficiência hídrica que afeta as populações do semi-árido brasileiro. O intuito do projeto é abastecer açudes e rios menores da região, e desta forma, diminuindo a seca na estiagem.
O projeto é antigo, foi concebido em 1985 pelo extinto DNOS – Departamento Nacional de Obras e Saneamento, sendo, em 1999, transferido para o Ministério da Integração Nacional e acompanhado por vários ministérios desde então, assim como, pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco.
Porém, tendo em vista a circunstância de que afeta um dos rios mais importantes do Brasil, foi adiado para 2018, com 90% das obras finalizadas, o início da operação deste projeto que garante abastecimento regular para mais de 12 milhões de pessoas.

1.2 APÓS SETE ANOS DE ATRASO, AS ÁGUAS DA TRANSPOSIÇÃO DO SÃO FRANCISCO COMEÇAM A FLUIR
A agricultora Lindomar Ferraz Silva, de 65 anos, aponta para uma mangueira solitária quase sem folhas num descampado da zona rural de Floresta, cidade do sertão pernambucano onde nasce um dos eixos da transposição do rio São Francisco. No local ficava sua casa, que não existe mais. “A mangueira foi deixada ali, de recordação”, conta.
Sete anos depois dos primeiros sinais da bilionária obra, e quatro anos mais tarde do que o previsto, a aposentada conseguiu, finalmente, ver um tantinho de rio passar em seu quintal. É ali que fica o reservatório Areias, o primeiro a se encher d’água, no último mês de outubro, quando os primeiros testes da transposição começaram.
Em um final de tarde de novembro, ela observava sua criação de cabras descer pelo concreto do canal para saciar a sede. Naquela manhã, ela própria havia enchido alguns baldes no reservatório, para usar em suas “coisinhas” de casa. Mas Lindomar ainda não sabe quando, nem como, passará a receber uma parte do rio pelas torneiras de sua nova casa, construída ao lado do canal e da represa, com o dinheiro pago como indenização pela passagem da obra.
Enquanto as águas do velho Chico não chegam, definitivamente, para as 12 milhões de pessoas no caminho da obra, a agricultora Lindomar já sabe o que fazer com o trechinho de rio que cruza o seu pedaço de sertão: “Vou comprar uma bomba pequena, dessas à gasolina, e puxar a água do reservatório direto para a minha caixa d’água”.

1.3. A ESPERA PELO LOTE IRRIGADO
Por toda uma vida, José Onório dos Santos, de 64 anos, só conhecia um jeito de trabalhar: plantava sua roça num pedaço de lote que pertencia a um fazendeiro, pegava dinheiro emprestado com ele para comprar comida e veneno para as pragas da lavoura e, no dia da colheita, entregava metade da produção para o patrão. Com a outra metade, pagava as dívidas com o próprio fazendeiro.

Quando chegou a notícia de que a obra do São Francisco cruzaria as terras da fazenda, não se sabia o que aconteceria com eles, os meeiros, que não possuíam as terras, mas tinham nelas o único sustento. A maioria das famílias foi embora. A dele ficou ao lado de outras quatro. O dono da fazenda acabou indenizado e os trabalhadores, alojados em um núcleo habitacional pertinho do que será a primeira estação de bombeamento do Eixo Norte, no município pernambucano de Cabrobó. A obra neste trecho ainda está incompleta, mas bastante adiantada.

Cada família recebeu uma casa própria e terá direito a um lote de terra com sistema de irrigação para fazer a própria plantação. Mas esperam por isso há quatro anos. Por ora, recebem uma pensão de pouco mais de 1.000 reais do Governo. “Até essa data tô esperando. Já tinham até cercado nossos lotes com arame, mas demoraram a entregar e os ladrões vieram e carregaram todo o cercado”, conta ele. Outra preocupação das famílias é que os lotes prometidos ficarão do outro lado da rodovia federal cruzada pela obra. “Eles prometeram que vão construir uma ponte para que a gente não precise dar tantas voltas com os animais. Mas também estamos esperando.”

2 COMUNIDADE ENCONTRA ALTERNATIVAS PARA DRIBLAR A CONSTANTE FALTA DE ÁGUA
A cena, que se repete todos os dias desde o início do mês, remete a situações do passado. Sem água na rede, um pequeno riacho, no topo do Morro da Laguna, no Fidélis, virou a única opção para a comunidade da Rua Professor Hermann Lange. É lá que, todos os dias, Lúcia Chimenes enfrenta 200 metros de trilha no meio do mato para lavar roupas. Foi a saída encontrada por ela para resolver o problema do desabastecimento na região.

           A comunidade, que conta com cerca de 20 famílias, alega que a falta de água é rotina e que se agravou há pelo menos três meses. Ontem, o diretor de operações do Samae, Jean Carlos Naumann, confirmou que o problema foi causado por conta de um defeito na bomba do pressurizador responsável pelo abastecimento no local e que a questão foi solucionada. Naumann ainda garantiu que uma caixa de 20 mil litros será instalada até o final de agosto no topo do morro para garantir abastecimento às famílias em caso de novos problemas.  

           Lorenço do Nascimento conta que a região já chegou a ficar sem água por 20 dias e isso motivou a comunidade a encontrar alternativas. Buscar água potável em vizinhos que moram em áreas mais baixas e tomar banho no local de trabalho estão entre as medidas adotadas.

           Na casa de Luana Dimkoski Batista, para poder tomar banho, lavar louça e fazer necessidades, foi adotado um método forçado de sustentabilidade: o reaproveitamento de água da chuva. As correntes das calhas guiam a água que cai em um tanque e de lá é distribuído para quem precisa.

          Quando começa a chover a gente já se organiza pra poder armazenar a água. Claro que não dá pra beber, mas pelo menos nós conseguimos garantir o banho por alguns dias — afirma Luana.

3 ATENDIMENTO AOS RIBEIRINHOS DA AMAZONIA
Pelo menos seis comunidades ribeirinhas estão sem água potável devido ao período de seca.

A Doutores das Águas é uma OSCIP que realiza atendimento médico, odontológico e educação recreativa em comunidades ribeirinhas isoladas na Amazônia.
A partir da visitação das áreas hoje atendidas e da constatação da situação de vulnerabilidade em que as comunidades locais se encontravam, foi desenvolvido o projeto unindo o profundo conhecimento da região a competências médicas, odontológicas, educacionais e logísticas para melhorar a qualidade de vida das populações locais.
A missão foi iniciada em 2011 e desde então, a cada nova expedição, é reafirmado o compromisso com a população atendida e a certeza da manutenção permanente do projeto.

           A OSCIP Doutores das Águas tem por missão levar ajuda médica, odontológica e psicossocial às comunidades ribeirinhas da Amazônia, visando a melhoria da qualidade de vida e da curva de crescimento das crianças, através do acompanhamento constante da população local.
PRINCÍPIOS:
  • Levar sempre em consideração as características culturais e dificuldades logísticas inerentes à região, buscando soluções viabilizadoras;
  • Proporcionar assistência médica e odontológica de qualidade;
  • Implementar atividades educacionais relacionadas com práticas de higiene e saúde ambiental, melhorando a auto estima dessas populações;
  • Atuar em regiões que não são alcançadas pelo poder público ou outras instituições;
  • Manter a consistência do atendimento, regressando às comunidades para que seja possível acompanha-las;
  • Aproveitar integralmente e com seriedade os recursos oferecidos por nossos patrocinadores;
  • Manter total independência de entidades públicas e religiosas.
4 CONCLUSÃO
Procurando solucionar a seca, o governo criou a Inspetoria de Obras Contra as Secas, hoje o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas - DNOCS.
No entanto, devido a necessidade do convívio com a seca, foi preciso a construção de grandes obras de engenharia para represar água, sendo esta considerada como o recurso natural mais importante.
Visando o uso dos recursos naturais de forma sustentável, é necessário que haja preservação da capacidade produtiva nos processos de desenvolvimento, desta forma, criando políticas públicas adequadas que assegurem a desejada racionalidade do uso da água e seus recursos naturais, e assim, gerando empregos e renda proporcionais à sustentabilidade, não excedendo a capacidade de renovação desses recursos.
A integração do São Francisco abrange a construção de nove estações de bombeamento, 27 reservatórios, quatro túneis, 13 aquedutos, nove subestações de 230 kV e 270 quilômetros de linhas de transmissão em alta tensão. No Eixo Norte a taxa de execução era de 90,7% em agosto, e, no Leste, de 88,7%.

EL PAÍS. “A obra sem fim para levar água ao sertão nordestino brasileiro”. Disponível em < http://brasil.elpais.com/brasil/2014/12/01/politica/1417445133_310596.html> Acesso em 27 de out. De 2016.
CLIC RBS. “Comunidade encontra alternativas para driblar a constante falta de água”. Disponível em < http://jornaldesantacatarina.clicrbs.com.br/sc/geral/noticia/2016/05/comunidade-encontra-alternativas-para-driblar-a-constante-falta-de-agua-5803596.html> Acesso em 27 de out. De 2016.
DOUTORES DAS ÁGUAS. “ Atendimento aos Ribeirinhos da Amazonia”. Disponivél em < http://www.doutoresdasaguas.org.br/> Acesso em 27 de out. De 2016.

ANEXO A – Ilustrações
·         Comunidade sem água
 
                  
Fonte da imagem: Jornal dos municípios. Para ampliar a imagem acesse o link <http://jmunicipios.com.br/wp-content/uploads/2014/10/Agua.jpg>

·         Imagens referente a obra sem fim para levar água ao sertão nordestino brasileiro
                      
                                         Fonte da imagem: El País
                      
                                                Fonte da imagem: El País

·         Imagem referente comunidade encontra alternativas para driblar a constante falta de água
               
                                 Fonte da imagem: Clic RBS

·         Imagem referente ao atendimento aos Ribeirinhos da Amazonia
    
Fonte da imagem: Doutores da Águas

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